André Freire apresentou o seu último livro no passado dia 28, 3ª-feira –“Eleições, Partidos e Representação Política” é o seu título.
Dois dias depois, dia 30, foi sujeito a uma operação a um ombro no Hospital da Luz, em Oeiras. Uma operação programada, adiada até para dar prioridade ao lançamento do livro.
Por motivos que desconheço, eventualmete inevitáveis, uma paragem cardiorrespiratória, ao que parece associada a uma infeção, complicou o que pareceria ser uma simples intervenção. Foi transferido para os cuidados intensivos do Hospital São Francisco Xavier, onde acabou por, em pouco tempo, morrer.
Conheci André Freire em final de 2013, quando eu e o meu bom amigo Nelson Carvalho, ex-presidente da Câmara Municipal de Abrantes, organizámos em conjunto um interessante colóquio sobre o tema: “Défice democrático – representação, participação, reforma do sistema político?” em que foram oradores José Gusmão, Luísa Mesquita, Pedro Mourão e precisamente o agora falecido André Freire.
André Freire foi diretor de departamento e de licenciatura no ISCTE, investigador do Centro de Investigação e Estudos em Sociologia, é autor de mais de três dezenas de livros, nomeadamente sobre atitudes e comportamentos eleitorais, e foi um dos pioneiros na criação de estudos eleitorais em Portugal com base em inquéritos de opinião pós-eleitorais.
Nasceu em Lisboa em 1961, licenciou-se em sociologia no ISCTE e doutorou-se em Ciências Sociais na Universidade de Lisboa.
Foi colunista em jornais como o Público e o Jornal de Letras e comentou na RTP.
Mas o que, nesta dramática situação, gostaria que ponderássemos e avaliássemos são as noções de competência, qualidade e capacidade que temos quer relativamente ao sistema privado de saúde, quer ao público (o SNS). Um cidadão, seja ele quem for, vai para uma intervenção programada num hospital privado, provavelmente porque tem dinheiro para isso e assim à partida é tratado com maior celeridade, mas quando as coisas correm mal tem de tentar ser salvo é pelo serviço público…
Quem sabe se não deveremos pensar bem nisto antes de voltarmos a criticar destrutivamente este SNS que, apesar de já ter tido melhores dias, continua a ser um serviço gratuito e para todos, que se vê por poucos cantos deste mundo…
Francisco Mendes
