A Câmara Municipal de Torres Novas anunciou esta quarta-feira a conclusão do protocolo estabelecido com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para a remoção de mais de 3.000 toneladas de resíduos perigosos da unidade industrial Fabrióleo. Apesar do avanço significativo, o problema ambiental na antiga fábrica de óleos alimentares permanece por resolver na totalidade.
João Trindade, vereador responsável pelo Ambiente, revelou, numa reunião municipal, que foram retirados 3.036 toneladas de resíduos, equivalentes a 4.200 metros cúbicos, provenientes dos tanques e da Estação de Tratamento de Águas Residuais Industriais (ETARI). No entanto, o número real de resíduos depositados na Fabrióleo excede significativamente as estimativas iniciais. “Limpámos metade dos efluentes presentes, mas os tanques eram muito mais profundos do que o esperado”, explicou.
O protocolo assinado com a APA em março de 2023 previa um financiamento até 745 mil euros, através do Fundo Ambiental, para cobrir os trabalhos de remoção, transporte e tratamento dos resíduos perigosos. Contudo, os custos revelaram-se insuficientes para a conclusão integral da limpeza. “Estamos a trabalhar com a APA para que seja possível um reforço financeiro e a assinatura de um novo protocolo”, adiantou o vereador.
Impacto ambiental e próximos passos
A presença de resíduos líquidos perigosos em tanques com fissuras representa riscos para os recursos hídricos, solos e população local. No início do protocolo, o então vice-presidente da APA, Pimenta Machado, sublinhou a urgência de encaminhar os resíduos para um destino final adequado, o CIRVER – Centro Integrado de Recuperação e Eliminação de Resíduos Perigosos, na Chamusca.
Pedro Ferreira, presidente da Câmara de Torres Novas, recordou as vitórias já alcançadas no caso Fabrióleo, como o encerramento da fábrica em 2018, mas reiterou a necessidade de resolver integralmente a questão dos resíduos tóxicos. “O encerramento da fábrica foi um passo essencial, mas resta limpar totalmente o local e garantir a segurança ambiental”, afirmou.
A Fabrióleo foi alvo de múltiplas sanções ambientais e fiscais, incluindo uma coima de 400 mil euros em 2021 e a suspensão da Licença de Utilização de Recursos Hídricos, devido a infrações graves registadas desde 2015.
Problema ambiental continua
Apesar dos esforços em curso, o desafio ambiental em Torres Novas ilustra a complexidade de lidar com os resíduos perigosos e a necessidade de maior financiamento e apoio técnico. A Câmara Municipal reforça o compromisso de encontrar uma solução definitiva para minimizar os impactos ambientais na região.