As comemorações do 25 de Novembro têm-se tornado palco de uma batalha política em que a direita tenta apropriar-se da data, distorcendo o seu significado histórico. Este dia, essencial para consolidar a democracia portuguesa após os eventos do 25 de Abril, não pertence a nenhum campo ideológico específico, muito menos à direita. Pertence a todos os democratas que rejeitaram os extremismos, tanto à esquerda como à direita, e que lutaram pela liberdade, pluralismo e estabilidade política.
A tentativa de setores conservadores em reivindicar o 25 de Novembro como uma vitória exclusivamente sua é uma falsificação histórica que desrespeita os protagonistas centrais da época, especialmente o papel crucial de figuras como Mário Soares e o Partido Socialista. Soares, com uma visão política clara e coragem notável, liderou os esforços para impedir que a jovem democracia portuguesa fosse sequestrada por tendências autoritárias. Ele representou a voz moderada e democrática, defendendo os valores de Abril contra os que desejavam desvirtuá-los.
O Partido Socialista e o “Grupo dos Nove” foram peças fundamentais na construção do consenso que evitou a fragmentação da sociedade portuguesa. Este grupo de militares, moderados e comprometidos com a democracia, foi um contraponto decisivo às tensões revolucionárias que ameaçavam descambar para o caos. Sem eles, a estabilização política e a posterior entrada de Portugal na União Europeia seriam impensáveis.
Ao contrário do que os setores da direita alegam, o 25 de Novembro não foi um triunfo das forças conservadoras. Foi, antes, o momento em que a democracia se reafirmou como o único caminho possível para o futuro de Portugal. A narrativa da direita desconsidera a pluralidade dos envolvidos e, pior, ignora o perigo que representavam os extremismos de qualquer natureza.
Enaltecer o papel de Mário Soares, do PS e do “Grupo dos Nove” não é apenas fazer justiça histórica; é também uma forma de resgatar o verdadeiro significado do 25 de Novembro: a vitória da moderação sobre o radicalismo, da democracia sobre a ditadura e do diálogo sobre a imposição. Que esta data nos recorde que a democracia portuguesa foi construída por muitos, mas sobretudo por aqueles que acreditaram que a liberdade só pode florescer em terreno comum, e não como propriedade de um único grupo político.
Carlos Nestal
A historia do 25 de Novembro bem explicadinha por Carlos Nestal. Um näo aos extremismos que levam ao caos.
RB – NORDIC
Este artigo expressa, única e exclusivamente, a opinião do seu autor, sobre o referido acontecimento, não é um tratado histórico absoluto e inquestionável, nem sequer explica a “história” do golpe político-militar levado a cabo naquela data, mas preparado, paulatinamente, com muita antecedência, com a supervisão minuciosa, atenta e permanente do embaixador… Que desempenhou a mesma função no Chile, quando do golpe que derrubou o governo eleito e implementou uma ditadura sanguinária.
Por outro lado, a realidade desmente toda a narrativa que nos impinge o golpe político-militar do 25 de novembro como o salvador da pátria, e tivesse reposto os valores abertos com o 25 de Abril.
A realidade prova e demonstra que é uma falsidade pegada e uma descarada revisão histórica. Porque, a partir dessa data, os ataques aos direitos que tinham sido conquistado pelas classes trabalhadoras e populares intensificaram-se e não mais pararam…
Hoje, pouco resta, quase nada, do que foi conquistado pelas classes trabalhadoras e populares, entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de Novembro de 1975, quanto aos direitos sociais, laborais, económicos e culturais, e não só.