A construção de um novo açude no rio Tejo, em Constância Norte, está em consulta pública até 15 de janeiro no portal Participa, gerando diferentes reações entre os defensores da iniciativa e os ambientalistas. O projeto insere-se num plano mais vasto, com o objetivo de criar condições para a navegabilidade, aumentar a área de regadio e promover o desenvolvimento regional, mas também levanta preocupações ambientais e sociais.
Em causa está não só o aproveitamento hidroagrícola, mas a questão dos fins múltiplos, a produção de energia, o abastecimento de água, a defesa contra cheias, a regularização de caudais ou a navegação, a questão da racionalidade da eficiência e da sustentabilidade técnica, a questão do ambiente e as questões financeira, social, económica e de desenvolvimento regional e nacional.
A visão do projeto
O novo açude está enquadrado no “Estudo da Valorização dos Recursos Hídricos para a Agricultura no Vale do Tejo e Oeste”, uma iniciativa que visa explorar de forma sustentável os recursos hídricos da região. Além de aumentar a área de regadio, o projeto pretende beneficiar a região com a regularização de caudais, a defesa contra cheias, o abastecimento de água, a produção de energia e a criação de condições para a navegabilidade no Tejo. Esses elementos são vistos como fundamentais para dinamizar a economia local, fortalecer a atividade agrícola e atrair mais investimento para a região.
O alerta dos ambientalistas
No entanto, o movimento ambientalista proTEJO, com sede em Vila Nova da Barquinha, alertou para os potenciais impactos ecológicos e sociais do novo açude. Segundo Paulo Constantino, porta-voz do movimento, “uma obra deste género terá impactos ecológicos graves, como a interrupção da migração das espécies piscícolas e a criação de uma albufeira que afetará as atividades de lazer e desportivas na região”.
O dirigente ambientalista destacou ainda que o açude “irá retirar espaço ao que restava do rio Tejo livre até Lisboa” e poderá ter “impactos negativos na zona da praia fluvial de Constância e nas descidas de canoa no rio Zêzere”.
Oportunidade de participação
A consulta pública em curso oferece à população e às entidades locais a oportunidade de contribuir com opiniões e sugestões sobre o projeto. O proTEJO reforçou o apelo à participação ativa dos cidadãos e instituições, especialmente dos municípios de Vila Nova da Barquinha e Constância, diretamente afetados pela eventual construção do açude.
Perspetiva de desenvolvimento regional
O estudo associado ao projeto considera uma abordagem de fins múltiplos, integrando critérios técnicos, ambientais e económicos, com o objetivo de garantir uma solução sustentável e equilibrada. Segundo as informações disponíveis, o açude em Constância Norte pode ser um marco na gestão integrada dos recursos hídricos, com benefícios em diversas áreas, incluindo o reforço da segurança hídrica e o desenvolvimento agrícola e turístico.
A discussão pública sobre o projeto continua aberta, convidando a reflexão sobre o equilíbrio entre os benefícios regionais e os impactos ambientais. O resultado desta consulta será determinante para a decisão final sobre a construção do açude e para o futuro do rio Tejo e das comunidades ribeirinhas.
Pode consultar toda a documentação e participar na consulta aqui: Estudo da Valorização dos Recursos Hídricos para a Agricultura no Vale do Tejo e Oeste
A ideologia reinante é incapaz de conceber outra forma de organização social, económica, produtiva e cultural, por isso, persiste na senda destruidora dos ecossistemas e da biodiversidade que geram, suportam e sustenta a vida, em todas as suas dimensões, tal como a conhecemos, em nome de um crescimento infinito, num corpo finito, que é Terra Mãe.
Mas, segundo os doutos defensores, propagandistas e executores de semelhante ideologia, é um crescimento sustentável e dinamizador da economia local, regional, nacional, e, sempre a pensar no bem estar da humanidade, blá, blá, blá.
Desde quando é que a destruição das condições que nos permitem viver neste Planeta é benéfico para a humanidade, e para todos as espécies de vida, neles existentes? Como a realidade nos prova e a ciência comprova, prosseguir neste rumo leva-nos à catástrofe.
O rio Tejo tem barragens a mais, e as consequências estão bem à vista – para quem as quiser ver – e a esmagadora maioria das pessoas, que vivem nas localidades próximas dessas barragens, não obtiveram nenhum beneficio, directo ou indirecto, das mesmas.
Mais um açude/barragem em Constância, ou noutra localidade, é acentuar a degradação do Tejo e da sua função natural, por exemplo, receber, criar e alimentar espécies piscícolas, no seu leito, depositar sedimentos vitais para as espécies piscícolas e para as praias ainda existentes, na costa litoral do Oceano Atlântico.
Com o nível de destruição já realizado, degradação dos solos, destruição das florestas, da biodiversidade, dos ecossistemas naturais, gerador de secas e outros acontecimentos naturais extremos, insistir no mesmo modelo de produção, aumentar a agricultura de regadio, é acelerar as consequências das alterações climáticas e comprometer a própria agricultura, a segurança e soberania alimentar, assim como os meios de subsistência futuros.