A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, acusou hoje no parlamento o seu antecessor, Pedro Adão e Silva, de ter feito um “assalto ao poder” no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, garantindo “que acabaram os compadrios naquela instituição”.
“Acabaram os compadrios, ‘lobbies’ e cunhas que levaram à constituição da atual equipa do CCB. Demitida que está, exonerada que está, afastada que está a sua presidente, está, evidentemente, a abordagem a este assalto ao poder, assalto ao CCB, que é absolutamente inadmissível nos termos em que foi realizado pelo ex-ministro da Cultura, doutor Pedro Adão e Silva”, afirmou a ministra durante a audição, a requerimentos dos grupos parlamentares do PS e do BE, sobre o “novo rumo” para o CCB, a exoneração da sua diretora e as opções políticas do Governo para esta instituição.
Dalina Rodrigues anuncia novo ciclo
Para Dalila Rodrigues, esta nova postura do Ministério da Cultura decorre de um “novo ciclo”, que “implica novas metodologias e novas abordagens”, nomeadamente “manifestação de interesses” e “abertura de concurso”.
Sobre as manifestações de solidariedade para com Francisca Carneiro Fernandes por parte de artistas, entidades e personalidades ligadas ao setor, a ministra afirmou que “são extremamente extraordinárias”.
“Eu própria, quando fui exonerada da direção do [Museu] Nacional de Arte Antiga, em 2007, tive o gosto de ver o meu trabalho amplamente reconhecido e o movimento de contestação generalizado”, disse a ministra, lamentando não ter visto o apoio dos trabalhadores do CCB às “duas trabalhadoras que foram dispensadas para que a colaboradora Aida Tavares” iniciasse funções naquela instituição, “através de um processo nada transparente”.
“É mesmo muito óbvio, mas é tão óbvio que chega a ser incompreensível, por assim dizer, que seja o Partido Socialista a levantar questões”, acrescentou.
Dalila Rodrigues está a ser ouvida hoje de manhã na comissão parlamentar de Cultura sobre a exoneração da presidente da Fundação CCB, Francisca Carneiro Fernandes, após a aprovação de requerimentos do Partido Socialista (PS) e do Bloco de Esquerda (BE).
O Ministério da Cultura exonerou em 29 de novembro a presidente do conselho de administração da Fundação CCB, Francisca Carneiro Fernandes, anunciando a nomeação para o cargo de Nuno Vassallo e Silva.
Francisca Carneiro Fernandes foi exonerada nas vésperas de completar um ano como presidente da Fundação CCB, cargo para o qual tinha sido escolhida pelo anterior ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.
Entretanto, Francisca Carneiro Fernandes anunciou hoje que vai “intentar uma impugnação deste ato administrativo”, que considera ilegal.
“Entre outros motivos que estão a ser estudados e que apontam para a ilegalidade da exoneração feita”, Francisca Carneiro Fernandes indica “o facto [de esta] alegar como fundamento a falta de capacidade da ex-Presidente do CCB para garantir o cumprimento das orientações e objetivos transmitidos pela Tutela”, o que Francisca Carneiro Fernandes considera “totalmente falso, já que a Ministra da Cultura” nunca lhe transmitiu “quaisquer indicações ou objetivos que possam assim dar-se como incumpridos”.
Adão e Silva quer responder no parlamento a “todas as questões” levantadas por atual ministra
O anterior ministro da Cultura Pedro Adão e Silva espera ser chamado à Assembleia da República, “o mais rapidamente possível”, para esclarecer “todas as questões” hoje levantadas pela atual titular da pasta, Dalila Rodrigues, em audição parlamentar.
Contactado pela agência Lusa, Pedro Adão e Silva respondeu, por escrito, que não pôde acompanhar a audição da ministra da Cultura, por estar ausente do país, mas dos relatos que lhe chegaram regista que Dalila Rodrigues “tem tido como únicas formas de afirmação exonerar dirigentes, desmantelar o trabalho feito e, agora, lançar injúrias graves”.
“Essa postura tem sido muito prejudicial para as políticas culturais e explica o abandono que o setor sente, e que tem manifestado”, acrescenta Pedro Adão e Silva.
A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, acusou hoje no parlamento o seu antecessor de ter feito um “assalto ao poder” no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, garantindo “que acabaram os compadrios naquela instituição”.
Pedro Adão e Silva disse à Lusa que espera, “o mais rapidamente possível, ser chamado à Assembleia da República, para esclarecer todas as questões, em particular sobre o CCB”, uma instituição que encontrou “capturada pelo senhor José Berardo e de costas voltadas para as artes performativas”, quando tomou posse, em 2022.
“Hoje, no CCB, temos um novo museu, a coleção Elipse em depósito, e tínhamos uma presidente do Conselho de Administração que foi capaz de promover um diálogo com o setor e abrir este equipamento às artes performativas”, conclui Pedro Adão e Silva.
Numa audição parlamentar sobre a situação no CCB, requerida pelo Bloco de Esquerda e o Partido Socialista, na sequência da exoneração da anterior presidente da fundação, Francisca Carneiro Fernandes, e o “novo rumo” para a instituição, a atual ministra da Cultura disse que, com o atual Governo, “acabaram os compadrios, ‘lobbies’ e cunhas que levaram à constituição da atual equipa do CCB”.
“Demitida que está, exonerada que está, afastada que está a sua presidente, está, evidentemente, a abordagem a este assalto ao poder, assalto ao CCB, que é absolutamente inadmissível nos termos em que foi realizado pelo ex-ministro da Cultura, doutor Pedro Adão e Silva”, disse Dalila Rodrigues sobre a exoneração de Francisca Carneiro Fernandes, e as opções políticas do Governo para esta instituição.
Para Dalila Rodrigues, esta nova postura do Ministério da Cultura decorre de um “novo ciclo”, que “implica novas metodologias e novas abordagens”, nomeadamente “manifestação de interesses” e “abertura de concursos”.
Dalila Rodrigues está a ser ouvida, em audição regimental e sobre a situação no CCB, na comissão parlamentar de Cultura.