Já se encontra esgotado o espetáculo de estreia da peça “O Patriota” que vai ser levada à cena pela Secção de Teatro da Sociedade Recreativa Operária de Santarém, no próximo dia 20 de dezembro, pelas 21h30, no Teatro Taborda – Círculo Cultural Scalabitano. O espetáculo “O Patriota” é uma homenagem a José Alves Costa, figura marcante do 25 de Abril de 1974, e assinala os 50 anos da Revolução dos Cravos.
José Alves Costa ficou conhecido como o cabo-apontador que se recusou a disparar contra Salgueiro Maia e a multidão concentrada no Terreiro do Paço. Herói anónimo durante quatro décadas, José Alves Costa justificou assim a sua decisão:
“Eu quando jurei bandeira, jurei defender a pátria, não foi destruí-la”.
O espetáculo reflete sobre temas como a paz, a democracia e o papel de cada indivíduo na construção e defesa da liberdade.
Uma criação colaborativa
Dirigido pelo ator e encenador Pedro Oliveira, o espetáculo foi desenvolvido em colaboração com alunas do curso profissional de Artes do Espetáculo da Escola Secundária Dr. Ginestal Machado. O elenco inclui 15 atores e atrizes que participaram num workshop para dar vida a esta produção.
A estreia da peça vai contar com as presenças de José Alves Costa e da sua família, no dia em que celebra o 73.º aniversário e no ano em que comemoramos os 50 anos do 25 de Abril.
Detalhes do espetáculo
- Ficha técnica:
- Direção: Pedro Oliveira
- Elenco: Inês Duarte, Mariana Rodrigo, Mariana Cavaleiro, Margarida Branco, Rita Carolina, entre outros.
- Técnica de luz e som: Tomás Martins
- Apoio: Santarém Cultura
Reflexão e homenagem
“O Patriota” é um apelo à paz e uma homenagem a um herói que optou pela defesa dos valores democráticos. A peça oferece uma oportunidade para revisitar a história do 25 de Abril e refletir sobre a sua relevância nos dias de hoje.
O jovem João Alves Costa, cabo-apontador, ao recusar disparar sobre Salgueiro Maia e demais pessoas presentes – desobedecendo à ordem directa e repetida, do comandante da companhia – assim como os milhares de pessoas que invadiram as ruas onde as tropas revoltosas e as que defendiam a ditadura se movimentavam, também desobedecendo às ordens emanadas pelo movimento das forças armadas, foram ambas determinantes para o derrube, de facto, da ditadura fascista e o fim da sua respectiva e hedionda polícia política PIDE/DGS.
Todas as pessoas que, naquele dia inteiro e à muito desejado, numa avassaladora desobediência civil, ocuparam as ruas e participaram, decididamente, para o derrube de uma longa e funesta ditadura fascista de 48 anos, incluindo os jovens: José Harteley Barneto, 37 anos; Fernando Luís Barreiros dos Reis, 24 anos; João Guilherme Rego Arruda, 20 anos; Fernando Carvalho Gesteira, 17 anos, assassinados pela PIDE/DGS, no própria dia 25 de Abril, mais as dezenas de feridos, destes, todos os que foram ao hospital, foram detidos pela PSP para, posteriormente, serem entregues à PIDE/DGS, não sendo heróis, demonstraram como, com empenho e determinação, é possível conquistar o que, uns quantos senhores do mundo e da guerra, nos impingem como sendo impossível.
A situação actual não tem nada a ver com o que foi conquistado, criado e construído pelo movimento operário e popular, durante aqueles quase dois anos, através da luta organizada, ainda que dispersa e descoordenada, mas com empenho e determinação. Por exemplo, fazendo greve, por aumentos de salário, redução de horário de trabalho, melhores condições de trabalho e para impedir o despedimento das pessoas que os patrões consideravam “os cabecilhas, os subversivos”, mesmo que a lei ainda a proibia.
Hoje, por exemplo, apesar da lei estipular, como carga horária semanal, 40 horas, repartida por 8 horas diárias, existem milhares de pessoas trabalhadoras que se sujeitam a fazer, como horário normal, 44h, 48h semanais, repartido por 6 dias de trabalho. Assim como a fazerem turnos de 12 horas, com intervalo de uma hora para refeição, em dia de descanso complementar (Sábado).
A escravização, da classe trabalhadora, está em ascensão… É necessário e urgente que a classe trabalhadora se liberte da concorrência, da competição entre si, e se una, organize e resista, para alterar a correlação de forças, parar esta usurpação e reforçar a sua capacidade de luta, para defender os seus interesses comuns.