A pandemia da Covid-19 deixou marcas profundas em todo o mundo e gerou grandes transformações também na indústria automóvel. Desde o início da disseminação do vírus, muitas mudanças ocorreram, afetando tanto o comportamento do consumidor como a cadeia de abastecimento, obrigando todo o setor a adaptar-se.
Uma das principais mudanças observadas durante a pandemia foi o comportamento do consumidor. Com as medidas de distanciamento social e os bloqueios de fronteiras em muitos países, toda a economia sofreu profundas transformações. Os consumidores adiaram suas decisões de compra devido à incerteza económica e aos receios de se envolverem em atividades que poderiam colocar sua saúde em risco. Isso levou a uma queda nas vendas de automóveis e, consequentemente, todo o setor.
Além disso, a pandemia afetou gravemente a cadeia de abastecimentos da indústria automóvel. Muitas fábricas fecharam temporariamente devido a restrições e preocupações com a saúde dos trabalhadores, o que por sua vez provocou uma escassez de peças e componentes essenciais para a produção de veículos. Isso resultou em atrasos na fabricação e entregas, afetando ainda mais a indústria. As empresas tiveram de lidar com o desafio de reorganizar suas cadeias de abastecimentos e encontrar soluções alternativas para garantir a continuidade da produção.
No entanto, apesar dos desafios enfrentados, a indústria automóvel tem mostrado capacidade de recuperação. As fábricas de componentes e as unidades de montagem têm-se adaptado rapidamente às mudanças, implementando medidas de segurança rigorosas e explorando novas formas de atender aos clientes. Acentuou-se a transformação digital das empresas e as vendas online tornaram-se uma prioridade, permitindo que os consumidores pesquisem, comprem e até mesmo personalizem seus veículos através de plataformas virtuais.
Oeiras é o novo hub do maior marketplace de peças de automóvel da Europa

Em Portugal, a situação não foi diferente. A indústria automobilística do país foi duramente afetada pela pandemia, com queda nas vendas e encerramento temporário de fábricas. No entanto, o setor está se esforçando para se recuperar.
Um exemplo notável é o tech hub localizado no Lagoas Park, em Oeiras, um importante centro de inovação tecnológica para a indústria automóvel em Portugal.
Oeiras representa 10% do PIB e 30% da capacidade tecnológica instalada em Portugal. Existem, atualmente, 7 unicórnios em Portugal e 3 deles estão em Oeiras.
Foi aqui que se instalou em abril deste ano, a AUTODOC, um dos maiores retalhistas online de peças e acessórios para automóveis da Europa. A partir do seu novo Tech Hub no Lagoas Park, uma equipa internacional passou a gerir o desenvolvimento de produto e serviços técnicos.
Desde a pandemia, a empresa tem apostado num modelo de trabalho híbrido, que pretende manter.
A crise climática e os novos paradigmas de mobilidade sustentável
As mudanças da indústria automóvel prosseguem, entretanto, com a passagem a novos paradigmas de mobilidade sustentável.
Perante as alterações climáticas, muitos governos estão implementando medidas de descarbonização da economia, de forma a suster as emissões antes de um ponto de não retorno para o aquecimento global.
A par da crise climática, a guerra da Rússia contra a Ucrânia veio criar uma crise na área da energia, obrigando os países ocidentais a acelerar a procura de fontes alternativas.
São lançados programas de estímulo económico, como incentivos fiscais e programas de incentivos, para a eficiência energética e a redução de emissões, e a utilização de fontes de energia renovável. Uma parte importante destes estímulos dirige-se ao setor da mobilidade e dos transportes. A transição para veículos elétricos tem se mostrado uma oportunidade para o desenvolvimento da indústria automóvel, com a inovação e o desenvolvimento tecnológico a assumirem um papel cada vez mais importante neste setor.