A homenagem a Fernando Salgueiro Maia, no dia 3 de abril, data em que se assinalam os 32 anos da sua morte, marcou o arranque da programação das comemorações do cinquentenário da Revolução do 25 de Abril de 1974 em Santarém.
Uma cerimónia que convidou a perdurar as memórias e as heranças desse acontecimento histórico que tem como figura central Salgueiro Maia, comandante da coluna militar da Escola Prática de Cavalaria (EPC) de Santarém que, no dia 25 de abril de 1974, avançou com os seus homens sobre Lisboa e levou à rendição do primeiro-ministro Marcello Caetano.
Coronel Joaquim Correia Bernardo: “como está o legado que Fernando Salgueiro Maia nos deixou?”
Joaquim Correia Bernardo, amigo e camarada de armas de Salgueiro Maia, era em 1974 capitão na Escola Prática de Cavalaria e foi com Salgueiro Maia que planeou o derrube da ditadura. Nesta intervenção, recordou Fernando Salgueiro Maia como alguém que “partiu tranquilo, sem correntes que o prendessem a nada, sem dever favores, nem honrarias, de cabeça levantada e com a consciência do dever cumprido”.
Identificou como maior legado de Salgueiro Maia “a plena liberdade em que hoje usufruimos e nos permite expressar abertamente o nosso pensamento”. Mas, “deixou-nos também o respeito – o respeito com que tratamos o nosso semelhante como igual; deixou-nos a Democracia, com as suas virtudes e constrangimentos, que nos permite gerir a nossa vida pública, sem mordaças nem paternalismos”.
Sobre o legado de Salgueiro Maia, Joaquim Correia Bernardo acrescentou: “Acabou com o pesadelo da guerra e deixou asas aos jovens portugueses para sonharem o seu percurso de vida; Despiu o espartilho social das mulherese abriu janelas às suas legítimas ambições de vida em igualdade; Deixou as portas escancaradas das escolas para que entrassem todos, mesmo todos, e tivessem aceso ao conhecimento e à descoberta do mundo. Legado que nos deixou, mesmo nos momentos mais sofridos da sua vida, sempre envolto em ridos, canções e alegria”.
“Foi-se embora de mansinho e sem bater a porta. E hoje que legado nos deixou?” questionou Joaquim Correia Bernardo.
“Há campos em que orgulhosamente honramos o seu legado, como a plenitude do gozo da liberdade que tanto nos custou a conquistar, sobretudo às gerações que nos precederam, como a emancipação das mulheres que irreversivelmente se vai solidificando, como a universalidade do ensino, com alguns erros, vazios e estigmas, que se estendeu a toda a população jovem”, afirmou.
Por outro lado, prosseguiu, “o que nos envergonha: no campo do respeito humano, sobretudo aqueles que vêm de fora e que antes recebiamos de braços abertos e agora damos passos atrás, marginalizando-os e ignorando-os. Também no campo das desigualdades sociais, no que diz respeito aos mais desfavorecidos, demos autorização ao comodismo para se instalar na sociedade, de modo a não nos deixar olhar para o lado e a rodearmo-nos do egoismo desumano”.
Joaquim Correia Bernardo considera que “a Democracia parece firme, mas há vozes que a fazem tremer e sussurram veladamente que precisa de se ir embora. O legado de Fernando Salgueiro Maia obriga a estarmos atentos e vigilantes!”
Os ventos da guerra voltam…
“Também os ventos da guerra, apesar de ainda longe de nós, podem aproximar-se e lançar-nos num caos como o que passámos anets do 25 de Abril. Saibamos transmitir aos nossos representantes o bom senso necessário para o diálogo da paz e harmoniza entre os povos”, advertiu Joaquim Correia Bernardo.
A terminar, Joaquim Correia Bernardo deixou o repto: “Debrucemo-nos sobre as conquistas de Abril que Fernando Salgueiro Maia nos deixou e façamos o possível para correspondermos ao seu gesto heróico e assim honrar a sua memória”.
João Leite: “Obrigado Salgueiro Maia!
João Teixeira Leite agradeceu ao Capitão Salgueiro Maia pela sua “bravura, coragem e determinação em derrubar a ditadura que dominava Portugal há mais de quatro décadas e que fez com que o rumo da história nacional mudasse decisivamente”. Salientou o “orgulho da herança de Liberdade que nos deixaste: 50 anos depois, valeu a pena a audácia do nosso Capitão! Orgulhemo-nos do País livre que somos, do País moderno, desenvolvido, cosmopolita, culto, com índices de desenvolvimento social equiparados aos Países desenvolvidos, temos jovens qualificados que dão ao mundo novos mundos, em várias áreas do saber, conquistas que nos devem a todos de orgulhar”.
José Raimundo Noras: o 25 de Abril na poesia
Em representação da Associação Popular das Comemorações do 25 de Abril em Santarém, José Raimundo Noras recorreu à poesia para homenagear os que trouxeram a liberdade a Portugal no 25 de Abril de 1974.
Coronel João Andrade Silva recordou o homem, amigo e companheiro
O Capitão de Abril João Andrade Silva, em representação da Associação Salgueiro Maia, recordou o homem, amigo e companheiro Salgueiro Maia, que partiu há 32 anos neste “dia que nos faz cair uma lágrima”, exortando a que todos continuem a construção da obra de que Salgueiro Maia foi coautor. O coronel João Andrade da Silva esteve colocado no Cristo Rei a 25 de abril de 1974, com a Escola Prática de Artilharia, e atualmente é presidente da associação Salgueiro Maia.













