A Fundação José Saramago assinala, no próximo dia 31 de maio, o 17.º aniversário da sua presença na Azinhaga, aldeia natal do Prémio Nobel da Literatura, com um programa cultural que celebra a memória, a natureza e a arte, num encontro marcado para o Largo das Divisões, a partir das 15h00.
A evocação decorre no mesmo local onde, em 2008, a Fundação inaugurou a sua presença permanente na terra onde nasceu José Saramago, autor de As Pequenas Memórias, cuja primeira e última página evocam com saudade e identidade a aldeia ribatejana: “À aldeia chamam-lhe Azinhaga […] Nunca mais tornei a ver o lagarto verde.”

Passeio do Dia da Espiga: uma homenagem à terra
A celebração tem início com o tradicional Passeio do Dia da Espiga, uma ida ao campo para colher espigas, malmequeres, papoilas e ramos de oliveira, numa prática ancestral que simboliza a fertilidade da terra e o ciclo da vida. O ramo da espiga, guardado até ao ano seguinte, é expressão de abundância, saúde, paz, amor e fortuna.
A Fundação convida todos a juntarem-se nesta caminhada pela natureza, celebrando as raízes rurais da Azinhaga, profundamente presentes na obra de Saramago, nomeadamente em Levantado do Chão, onde se lê:
“Do chão sabemos que se levantam as searas e as árvores […] Também do chão pode levantar-se um livro, como uma espiga de trigo ou uma flor brava.”
Cinema ao fim da tarde com João Botelho
O programa prossegue às 18h00, com a exibição do documentário “A Arte da Luz tem 20.000 Anos”, de João Botelho, uma obra que homenageia o património milenar do Vale do Côa e a luta cívica que impediu a destruição de um dos mais notáveis acervos de arte rupestre do mundo.
O filme, com 55 minutos de duração, é uma celebração da arte como expressão essencial da liberdade humana e um apelo à preservação da memória coletiva. Dirigido por um dos mais prestigiados realizadores portugueses, o documentário é também um tributo aos que resistiram à ameaça de inundação daquele território único.
Um convite à participação
Este Maio na Azinhaga é um convite da Fundação José Saramago a todos os que desejam celebrar a literatura, a cultura e a terra, num programa que une tradição popular, reflexão ecológica e arte contemporânea, sempre com a marca da herança saramaguiana.
A participação nas atividades é gratuita. O encontro está marcado para as 15h00, no Largo das Divisões, na Azinhaga do Ribatejo.