O Instituto do Património Cultural (PC) anunciou a abertura do procedimento para a classificação nacional da Ponte de Peniche, sobre a ribeira do Tripeiro, no concelho de Tomar, distrito de Santarém. A estrutura de origem gótica, referenciada pela primeira vez em 1470, passa agora a estar em vias de classificação, abrangendo também a zona de proteção geral de 50 metros em seu redor.
A decisão foi publicada esta terça-feira em Diário da República, e visa a proteção e valorização de um elemento arquitetónico único no concelho, inserido num território com vestígios arqueológicos desde a Pré-História.
De acordo com o Instituto Público, o objetivo é garantir que “a transmissão de uma herança nacional contribua para a construção da identidade cultural e para a democratização da cultura”, em linha com a política de salvaguarda do património nacional.
Ponte gótica de arcos em ogiva
A Ponte de Peniche permite a travessia da ribeira do Tripeiro, afluente do rio Nabão, tendo sido originalmente construída em pedra toscamente aparelhada e, posteriormente, reconstruída em alvenaria de blocos de calcário. Apresenta dois arcos ogivais e guardas laterais, e está situada numa área onde existem sítios arqueológicos que atestam uma ocupação humana milenar.
Segundo fonte da Câmara Municipal de Tomar, não é de excluir que a ponte tenha origem anterior ao século XV, “possivelmente motivada pela ocupação humana do território muito antes da referência documental de 1470”.
“Única ponte gótica do concelho”
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Tomar, Hugo Cristóvão, destacou a importância da estrutura:
“É um caso raro no concelho e a única ponte com estes arcos góticos e aspeto claramente medieval. Queremos efetivamente preservá-la.”
O autarca sublinhou que este processo é resultado da revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), no qual foi elaborada uma carta do património com elementos identificados para classificação.
Mais elementos em processo de valorização
Além da Ponte de Peniche, o município propôs a classificação de outros três bens patrimoniais, cujos processos estão a decorrer:
- O Aqueduto dos Pegões, nos sete quilómetros exteriores ao Convento de Cristo;
- O Centro Cultural da Levada, complexo monumental ligado aos Templários;
- E a Gruta do Caldeirão, na freguesia da Pedreira.
Hugo Cristóvão considera que a classificação permite proteger, preservar e promover o património local, tornando-o mais conhecido e, por isso, mais valorizado pela comunidade.
Nos termos legais, poderão ser apresentadas reclamações ou recursos hierárquicos relativamente ao ato de abertura do procedimento agora publicado em Diário da República.

















