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Fundação Mendes Gonçalves lança projetos de formação de amas e literacia ecológica no Ribatejo

A recém-criada Fundação Mendes Gonçalves, com sede na Golegã, está a iniciar projetos-piloto nas áreas da educação de infância e da literacia ecológica, com o objetivo de responder a carências estruturais no território e promover práticas sustentáveis e inclusivas. Apesar de se encontrar no que considera o seu “ano zero”, a fundação quer desde já “dar um sinal de compromisso com a comunidade”.

“Queremos afirmar uma filantropia de proximidade, começando pela Golegã e alargando aos concelhos limítrofes”, afirmou Tiago Pereira, presidente da fundação, em declarações ao Mais Ribatejo. A entidade já celebrou protocolos com os municípios de Alcanena, Chamusca, Golegã e Vila Nova da Barquinha, e está em conversações com Torres Novas e Entroncamento para alargar a rede de colaboração.

Formação de amas para responder à escassez de creches

Um dos eixos prioritários da intervenção é o reforço da resposta educativa para crianças entre os 0 e os 3 anos, uma faixa etária com cobertura particularmente limitada nos territórios do interior. Para mitigar esta lacuna, a Fundação vai arrancar já na próxima segunda-feira com um curso de formação e formalização de amas, em articulação com a Segurança Social e as autarquias envolvidas.

O objetivo é capacitar mulheres dos vários concelhos parceiros para cuidarem de crianças em contexto familiar, com acompanhamento técnico e apoio à adaptação dos espaços, criando assim uma resposta mais próxima, flexível e qualificada — sobretudo em zonas afastadas das sedes de concelho, onde a oferta é quase inexistente.

“Queremos criar um modelo replicável e até influenciar políticas públicas”, afirmou Tiago Pereira, sublinhando a importância de investir na qualidade e não apenas na quantidade das respostas educativas.

Educação ambiental com hortas-florestas nas escolas

O segundo pilar da atuação da fundação incide sobre a literacia ecológica, com um projeto a implementar em escolas do 1.º ciclo, que propõe a criação de “hortas-florestas regenerativas” como atividades de enriquecimento curricular. Cada turma terá oportunidade de construir e cuidar de um “ninho” de horta-floresta, passando pelas fases de plantação, manutenção e colheita, com o apoio de monitores especializados e manuais pedagógicos.

“Queremos que as crianças compreendam os princípios da biodiversidade, regeneração do solo e sustentabilidade”, explicou o responsável.

O projeto será testado no segundo semestre do ano letivo de 2025/2026 em pelo menos dez escolas dos municípios parceiros.

Uma rede regional para a educação e a sustentabilidade

Para além destas duas iniciativas, a Fundação Mendes Gonçalves ambiciona, nos próximos cinco anos, consolidar uma rede de creches e jardins de infância, promover práticas pedagógicas inovadoras, e contribuir para a adoção de modelos agrícolas sustentáveis na região.

Está também prevista a criação de um centro de treino e partilha de práticas pedagógicas, com foco na educação de qualidade desde a primeira infância, área que, segundo Tiago Pereira, continua subvalorizada:

“Em Portugal, a formação dos educadores dedica apenas 20% ao período dos 0 aos 3 anos. É essencial investir em desenvolvimento profissional e metodologias centradas na criança.”

A Fundação assume como missão promover soluções locais centradas na educação, regeneração ambiental e nutrição, que possam inspirar políticas públicas em Portugal e além-fronteiras.

“Queremos que esta seja uma região piloto, capaz de inspirar outros territórios”, concluiu o presidente da fundação.

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