O antigo ministro da Justiça Álvaro Laborinho Lúcio morreu esta quinta-feira, 23 de outubro, aos 83 anos em casa, confirmou à agência Lusa o presidente da Câmara da Nazaré, Manuel Sequeira (PS).
Segundo autarca, o corpo de Laborinho Lúcio ficou esta quinta-feira numa capela em Coimbra, sendo depois transportado para outra na Nazaré, no distrito de Leiria.
Laborinho Lúcio foi secretário de Estado da Administração Judiciária e ministro da Justiça em 1990, durante o governo de Cavaco Silva, e Ministro da República para os Açores, em 2003, durante a Presidência de Jorge Sampaio.
Foi também Procurador da República junto do Tribunal da Relação de Coimbra, inspetor do Ministério Público, Procurador-Geral-Adjunto da República, diretor da Escola da Polícia Judiciária e do Centro de Estudos Judiciários.
Na Câmara Municipal da Nazaré, foi presidente da Assembleia Municipal, durante o mandado do executivo de Jorge Barroso (PSD).
Mais recentemente, compôs a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa.
PSD: “Um dos ministros da Justiça mais brilhantes da democracia”
O PSD lamentou a morte de Laborinho Lúcio e sublinhou o seu estatuto de “jurista brilhante” e “um dos ministros da Justiça mais proeminentes em democracia”. Para o partido, destacou-se pela defesa dos direitos das crianças e por uma visão de justiça educativa, centrada na reinserção e responsabilização dos menores.
PR: “Sempre na defesa dos direitos humanos”
O Presidente da República também lhe prestou homenagem, recordando-o como uma “figura cimeira no domínio da justiça” e elogiando a combinação de rigor profissional com uma profunda cultura humanística e ética cívica. “Sempre na defesa dos direitos humanos, sempre na procura permanente da defesa intransigente dos direitos das crianças em todas as suas dimensões”, acrescentou o chefe de Estado.
Primeiro-ministro: “Exemplar na participação cívica e política”
Luís Montenegro, primeiro-ministro, assinalou o exemplo cívico e político de Laborinho Lúcio, sublinhando a dedicação à causa pública. “Deixou-nos, aos 83 anos, Álvaro Laborinho Lúcio. Ilustre jurista, antigo Ministro da Justiça e distinto escritor, foi exemplar na participação cívica e política e na dedicação à causa pública e ao nosso país”, escreveu Montenegro na rede social X, apresentando ainda “sentidas condolências e um profundo agradecimento” à família e amigos do antigo ministro.
Álvaro Laborinho Lúcio nasceu na Nazaré a 01 de dezembro de 1941. Na juventude, foi ator amador, tendo participado na criação do Grupo de Teatro da Nazaré.
Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Direito e obteve o Curso Complementar de Ciências Jurídicas.
Laborinho Lúcio foi membro, entre outras, de associações como a APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima e a CRESCER-SER, de que é sócio fundador.
Entre 2013 e 2017, foi Presidente do Conselho Geral da Universidade do Minho e membro Eleito da Academia Internacional da Cultura Portuguesa.
Laborinho Lúcio estreou-se na escrita de ficção narrativa em 2014, com “O Chamador”, na Quetzal, editora pela qual lançou mais quatro títulos até ao ano passado: “O Homem que Escrevia Azulejos”, “O Beco da Liberdade”, “As Sombras de uma Azinheira” e o livro de crónicas e outros textos “A Vida na Selva”.
Já este ano, em março, editou, pela Zigurate, com Odete Severino Soares e ilustrações de Catarina Sobral, o livro “Marília ou a Justiça das Crianças”.
Foi condecorado em 2005 pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo.








