Cerca de 70% dos trabalhadores das unidades da Sumol+Compal em Almeirim e Pombal aderiram à greve realizada esta quarta-feira, 12 de novembro, exigindo aumentos salariais, valorização das categorias profissionais e retoma das negociações do contrato coletivo de trabalho, paralisadas desde 2009.
A paralisação foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Setores Alimentar, Bebidas, Agricultura, Pesca e Serviços Relacionados (STIAC), que sublinha que a luta se intensifica num momento em que o custo de vida aumenta e os lucros das grandes empresas continuam a crescer. Em Almeirim, a adesão à greve levou a que a produção fosse afetada, com a empresa a contactar trabalhadores para prestarem trabalho suplementar, segundo o dirigente sindical Marcos Rebocho.

Entre as principais reivindicações estão o aumento dos salários, a atualização dos subsídios de alimentação e de turno, e a reposição de uma estrutura salarial justa, onde se valorize a antiguidade e a experiência dos trabalhadores. “Hoje, quase todos ganham o mesmo, independentemente da categoria ou dos anos de casa. Há trabalhadores com mais de 20 anos a receber o mesmo que um contratado por seis meses”, afirmou Marcos Rebocho.
Apesar da ausência de respostas efetivas por parte da empresa, o STIAC reconhece que a mobilização dos trabalhadores já levou a alguns sinais, como o pagamento de um prémio de produção trimestral mais elevado em setembro e o aumento do valor do trabalho suplementar para alguns trabalhadores. No entanto, considera que estas medidas “não substituem a necessária atualização salarial”.
PCP solidário com a luta dos trabalhadores

A Direção da Organização Regional de Santarém do PCP (DORSA) também se pronunciou, saudando a “coragem e combatividade” dos trabalhadores e denunciando o “agravamento da exploração” que, no seu entender, será aprofundado pelo pacote laboral promovido pelo Governo. Para o PCP, a luta dos trabalhadores da Sumol+Compal é parte de uma “resistência justa e necessária” pela valorização do trabalho e dos salários.
Durante a greve, decorreu uma concentração junto à rotunda da Avenida João I, em Almeirim, para dar visibilidade às reivindicações. O sindicato pretende agora entregar uma moção à administração da empresa e agendar nova reunião com os recursos humanos para discutir o caderno reivindicativo para 2026. Caso não haja avanços, o STIAC admite intensificar a luta, com possibilidade de adesão à greve geral convocada pela CGTP para 11 de dezembro.
A unidade da Sumol+Compal em Almeirim é uma das mais importantes do grupo, empregando centenas de trabalhadores e garantindo uma parte relevante da produção nacional de bebidas. Também na unidade de Pombal houve mobilização significativa. O setor enfrenta, nos últimos anos, um clima de contestação crescente, com greves motivadas por exigências similares em várias fábricas do país.











Esta corporação internacional pertence: à holding portuguesa, Refrigor 51,1% e ao grupo francês Castel, com 49,9% das acções, respectivamente e, desenvolve a sua actividade na indústria agroalimentar e no sector de produção e comercialização de bebidas não alcoólicas, onde é maioritária em Portugal, está presente em mais de cinquenta países, onde explora as pessoas que nela trabalham, acumulando, assim, fortuna. Apesar de proclamar, escrever e publicar, com pompa e circunstância, os seguintes compromissos, para com os trabalhadores e as comunidades onde está instalada, passo a transcrever:
«PESSOAS
Acreditamos que o sucesso das empresas depende em grande parte das suas pessoas, e por essa razão é nossa prioridade motivar, atrair e reter talento.
Como parte integrante de várias comunidades, estamos empenhados em contribuir positiva e ativamente para o desenvolvimento da sociedade, em particular das comunidades em que nos inserimos.
Assim, estabelecemos dois compromissos:
1) Fazer da Sumol Compal uma empresa em que todos querem trabalhar, atraindo e retendo talento;
2) Promover a proximidade com as nossas comunidades.»
Fonte: sumolcompal.pt/agenda-de-sustentabilidade
No primeiro ponto e, segundo o dirigente sindical, como resultado da luta dos trabalhadores, pagando “um prémio de produção trimestral mais elevado em setembro e o aumento do valor do trabalho suplementar para alguns trabalhadores”, isto é, recorre a prémios, trabalho suplementar, para não aumentar os salários nem estruturar carreiras profissionais dignificantes, que contribuam para a valorização profissional das pessoas que produzem, suportam e sustentam o grupo e seus accionistas.
Por outro lado, também é de realçar que esta corporação internacional, para além de pagar miseravelmente às pessoas do sector da produção, ao operariado, também recebe apoios vários do Estado e da União Europeia:
Projectos cofinanciados:
– cLabel+, financiado por: (Compete 2020 – Lisb@2020 – Portugal 2020 – U.E. Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional). Para o desenvolvimento da valorização nutricional de produtos através dos macronutrientes e das condições de processamento.
– PBA (Pacto da Bioeconomia Azul);
– A Agenda VIIAFFOD, visa promover a transformação estrutural do sector agroalimentar em Portugal;
– Descarbonização Almeirim, visa a transição para uma economia neutra em carbono;
– Descarbonização Vila Flor, idem;
– Descarbonização Pombal e Gouveia, idem.
Todos financiados pelo PRR.
Fonte: sumolcompal.pt (projetos cofinanciados)
Como está claro, as pessoas que lá trabalham financiam a corporação, com o seu trabalho e com os impostos que pagam, as consumidoras dos seus produtos, através dos produtos que compram, mais os impostos que pagam e, todas as outras, através dos impostos que pagam. É assim que os seus accionistas acumulam fabulosas riquezas, ainda nos gozam e demonstram um profundo desprezo pelas pessoas que os sustentam, suportam e garantem os seus privilégios e mordomias.
Porque sem operárias/os não existiam fábricas e os seus detentores teriam, para sobreviverem, que ir trabalhar…