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Hospital de Vila Franca de Xira com apenas um obstetra arrisca perder capacidade de formar novos médicos

O Hospital de Vila Franca de Xira enfrenta uma situação crítica no serviço de ginecologia e obstetrícia, encontrando-se atualmente com apenas um especialista no quadro clínico, o que pode comprometer a capacidade de formação de novos médicos na especialidade. O alerta foi lançado este sábado, 28 de setembro, pelo bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes.

“Ou a direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, em articulação com a Unidade Local de Saúde Estuário do Tejo, tem uma intervenção mais vigorosa para atrair médicos para o hospital, ou o futuro da obstetrícia nesta unidade será muito negro”, afirmou o bastonário em declarações à agência Lusa.

Segundo Carlos Cortes, o serviço tem vindo a degradar-se de forma contínua nos últimos anos, com a saída progressiva de profissionais, restando atualmente apenas um obstetra no quadro efetivo.

Formação médica em risco

Durante uma visita recente do Colégio da Especialidade de Obstetrícia e Ginecologia, foram identificados quatro especialistas a trabalhar no hospital. No entanto, apenas um desses médicos permanece hoje no serviço, o que torna inviável manter a capacidade formativa de internos da especialidade, segundo os critérios da Ordem dos Médicos.

“Estamos a tomar diligências para garantir que os médicos internos, quando regressarem dos estágios noutros hospitais, possam ser colocados em unidades que assegurem uma formação adequada — o que, neste momento, não acontece em Vila Franca de Xira”, sublinhou Carlos Cortes.

O bastonário alerta ainda para as implicações assistenciais da situação, referindo que um serviço com tão reduzido número de profissionais não oferece perspetivas de resposta eficaz às necessidades da população.

Governo assegura continuidade da maternidade

No início de setembro, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, garantiu que a maternidade do Hospital de Vila Franca de Xira não irá encerrar, numa tentativa de tranquilizar os autarcas dos cinco municípios abrangidos pela ULS Estuário do Tejo.

“Não vamos fechar a maternidade. Estamos sim a estudar a rede de referenciação das urgências para garantir a segurança das grávidas e dos bebés”, afirmou a ministra durante a inauguração do novo Campus de Saúde da Misericórdia de Vila Franca de Xira.

Contudo, o bastonário da OM reconhece dificuldades sérias em resolver o problema no curto prazo, referindo que a contratação de mais médicos para o serviço é uma solução difícil de concretizar, tendo em conta a escassez nacional de especialistas em obstetrícia.

O caso de Vila Franca de Xira volta a expor as fragilidades dos serviços de saúde materna em várias regiões do país, num contexto em que o encerramento de urgências e a falta de profissionais têm motivado protestos e preocupação crescente por parte de utentes e profissionais.

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