A cidade de Almeirim será palco, nos dias 8 e 9 de outubro, do XI Congresso Nacional de Suinicultura, reunindo centenas de profissionais, produtores, investigadores e decisores políticos para debater os grandes desafios do setor. O evento terá lugar no Pavilhão Multiusos, antigas instalações do Instituto da Vinha e do Vinho, sob o lema “A nova era da suinicultura”.
Organizado pela Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS), o congresso será inaugurado pelo secretário de Estado da Agricultura, João Moura, esta quarta-feira, às 14h30, e pretende afirmar-se como um fórum nacional e internacional sobre o futuro da produção suinícola.
Inteligência artificial e biossegurança no centro do debate
Entre os temas em destaque estão a inteligência artificial (IA), o controlo de doenças, o bem-estar animal e os impactos das alterações climáticas na produção. A IA começa a ser aplicada no setor, com sistemas que monitorizam o movimento de trabalhadores dentro das explorações ou o acesso de veículos, contribuindo para reforçar a biossegurança, uma prioridade face à ameaça da Peste Suína Africana (PSA).
“Portugal está livre da PSA desde os anos 80, mas a única defesa que temos é a biossegurança”, sublinha João Bastos, secretário-geral da FPAS, apontando também para os avanços no desenvolvimento de vacinas contra a doença, que serão apresentados no congresso por uma investigadora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa.
Outro vírus sob vigilância é o PRRS, que causou perdas significativas na produção suinícola em Espanha. “Só em 2024, Espanha perdeu 10% da sua produção, o equivalente à produção total portuguesa”, alerta o dirigente.
Economia global e estratégia para o consumidor
O congresso será dividido em três grandes eixos: técnico, socioprofissional e de promoção ao consumidor. As manhãs serão dedicadas a questões científicas e veterinárias; as tardes abordarão geopolítica, economia e internacionalização.
Um dos momentos altos será a intervenção do ex-ministro da Economia Pedro Siza Vieira, com a conferência “A Economia num Mundo em Mudança”. Já o especialista internacional Pedro Nonay, da Cargill, analisará o impacto das tensões geopolíticas, nomeadamente no Mar Negro, na cadeia de matérias-primas.
A dimensão internacional do congresso será reforçada pela participação de oradores de sete países europeus – Portugal, Espanha, França, Irlanda, Suíça, Dinamarca e Roménia.
A nível comercial, a fileira enfrenta ainda os efeitos das tarifas impostas pela China à carne de porco europeia. No entanto, Portugal conseguiu negociar uma taxa reduzida de 20%, face aos 60% aplicados a outros países da União Europeia.
“Rota da Carne de Porco” aproxima produtores dos consumidores
No plano interno, será apresentada a “Rota da Carne de Porco”, uma iniciativa para promover a carne nacional e reforçar a ligação com os consumidores, valorizando o papel dos suinicultores na economia e no território.
Segundo a FPAS, a fileira da carne de porco representa cerca de 2 mil milhões de euros no PIB nacional, tendo exportado, só em 2024, 172 milhões de euros em carne e derivados.
O congresso arranca esta quarta-feira às 9h00 e promete colocar Almeirim e a Lezíria do Tejo no centro do debate sobre o futuro de um setor vital para a economia agrícola nacional.