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Estudo alerta para desgaste extremo dos cuidadores informais — Entroncamento acolhe VII Encontro Nacional

Evento destacou falta de apoio, invisibilidade social e urgência na implementação de medidas efetivas para quem cuida

Os cuidadores informais em Portugal vivem sob uma pressão constante, enfrentam exigências elevadas, falta de reconhecimento e sérios riscos para a saúde física e emocional. A conclusão é de um estudo do Centro de Investigação e Intervenção Social do Iscte (CIS-Iscte), apresentado esta manhã no VII Encontro Nacional de Cuidadores Informais, que decorre no Cine-Teatro São João, no Entroncamento.

Realizado em colaboração com a Associação Nacional de Cuidadores Informais (ANCI), o estudo baseia-se em dados recolhidos durante a pandemia, junto de cerca de 200 cuidadores, e teve como objetivo analisar os fatores psicossociais de risco e proteção associados ao cuidado informal.

“Há muitas exigências e poucos recursos para lhes fazer frente. É urgente apostar nos fatores de proteção e reduzir os de risco para melhorar o bem-estar de quem cuida”, afirmou à agência Lusa a coordenadora do estudo, Ângela Romão, investigadora do CIS-Iscte.

A análise utilizou a ferramenta internacional COPSOQ II, adaptada ao contexto dos cuidadores, e revelou um cenário preocupante: altas cargas cognitivas e emocionais, escassez de apoio institucional, e baixa perceção de justiça por parte do Estado.

Entre os principais fatores de risco estão:

  • Muitas horas de trabalho sem descanso
  • Exposição constante ao sofrimento
  • Ausência de formação e apoio técnico
  • Falta de reconhecimento social e institucional

Apesar de alguns fatores protetores, como a previsibilidade das tarefas e a confiança em algumas instituições, estes revelaram-se insuficientes para equilibrar a balança. A investigadora destacou que os cuidadores se sentem frequentemente “invisíveis” e injustiçados por exercerem uma função essencial sem o devido enquadramento legal e social.

“Em termos de carga de trabalho e emocional, é como se quem cuida estivesse sempre em contexto de pandemia”, sublinhou Ângela Romão.

Com Portugal a registar, em 2024, o segundo índice de envelhecimento mais elevado da União Europeia (192,4 idosos por 100 jovens, segundo a PORDATA), os especialistas alertam para a urgência da aplicação plena do Estatuto do Cuidador Informal, aprovado mas ainda de aplicação limitada.

Durante o encontro, promovido pela ANCI e pelo Centro de Ensino e Recuperação do Entroncamento (CERE), sob o lema “Dar voz aos Cuidadores Informais: Legislação e Medidas por Implementar”, será apresentado o Manifesto para os Direitos dos Cuidadores Informais, bem como o Observatório para os Cuidadores Informais, iniciativa da presidente da ANCI, Liliana Gonçalves.

O evento conta ainda com a participação de representantes institucionais e uma mensagem do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, destacando a importância da valorização deste pilar invisível do sistema de cuidados em Portugal.

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