O primeiro-Ministro participou esta quarta-feira, 16 de novembro, na cerimónia que assinalou a plantação da centésima oliveira numa rua da aldeia da Azinhaga, aldeia natal de José Saramago, uma das iniciativas que celebraram o centenário do nascimento do vencedor do prémio nobel da literatura.
100 oliveiras por Saramago
António Costa foi acolhido por centenas de populares e autarcas da região, que acompanharam a cerimónia que culminou a iniciativa “100 oliveiras para Saramago”. Um projeto iniciado há um ano com a plantação de cem oliveiras numa rua da aldeia de Azinhaga, iniciativa da junta de freguesia e da família de Saramago, iniciada em 2019, com o objetivo de celebrar a passagem do centenário do nascimento do Prémio Nobel da Literatura.
Veja aqui o vídeo da cerimónia que o Mais Ribatejo transmitiu em direto no Facebook:
Cada uma destas 100 árvores tem o nome de uma personagem dos romances de Saramago, sendo que, simbolicamente, as duas oliveiras centenárias no início da rua levam o nome dos avôs maternos de José Saramago.
Neste dia, com a presenças do primeiro-ministro, do ministro da Cultura, do presidente da Câmara Municipal da Golegã, do presidente da Junta de Freguesia de Azinhaga, e da família do escritor, a sua filha Violante Matos e a neta Ana Matos, foi plantada uma oliveira centenária.
Uma rua com 100 oliveiras na Azinhaga
A oliveira a que António Costa juntou algumas pazadas de terra, a última a ser plantada, no início da Rua Victor Manuel da Guia, tem o nome da avó de Saramago, Josefa Caixinha, e fica em frente à que leva o nome do avô, Jerónimo Meirinho, no largo do “Lagarto Verde”, onde se encontra um painel com um excerto das “Pequenas Memórias”.
A ladear a rua, cada oliveira representa uma personagem das inúmeras obras de José Saramago.
António Costa: É muito importante nós não esquecermos Saramago
António Costa defendeu, na Azinhaga, que a melhor maneira de assinalar o centenário do nascimento de José Saramago é “perpetuar a sua obra”, uma forma de “perpetuar as causas por que lutou e as gentes a quem resolveu dar voz”.
“É muito importante nós não esquecermos Saramago, porque esquecermos Saramago é esquecermos todos aqueles que, tendo nascido em alguma Azinhaga, não chegaram ao prémio Nobel, mas são aqueles que permitiram ao Saramago contar a história que fez dele o primeiro Prémio Nobel da literatura portuguesa”, afirmou.
António Costa salientou que o escritor “quis contar a história das pessoas que não podiam contar a sua própria história e em cada um desses personagens, daqueles que existiram mesmo, como os seus avós, ou daqueles que ele ficcionou, todos aqueles que não podia nomear, a verdade é que ele quis contar” a história da Azinhaga e de “todas as Azinhagas em qualquer local do mundo”.
Vítor Guia: Só morre quem é esquecido, e Saramago será sempre lembrado na Azinhaga
O presidente da Junta de Freguesia da Azinhaga, Victor Guia, que se tornou amigo de Saramago, explicou que a ideia das “100 oliveiras para Saramago” partiu do genro do escritor, Danilo Matos, como uma forma de “aquietar o desgosto” que expressou nas suas memórias pelo desaparecimento do olival da sua aldeia.
Ana Saramago Matos: Fundação Saramago mantém viva a memória do Nobel da Literatura na Azinhaga
A neta de Saramago, Ana Matos, lembrou a importância da aldeia natal para a “formação espiritual” de um escritor nascido numa “família de camponeses sem terra” e que teve sempre presente “o compromisso político” na sua vida e na sua obra.
Veja aqui a atuação de Nuno Barroso na cerimónia de homenagem a José Saramago:
A cerimónia contou, ainda, com a leitura de um excerto do discurso pronunciado por José Saramago a 07 de dezembro de 1998 na Academia Sueca e a interpretação musical de um poema de José Saramago por Nuno Barroso.