No próximo dia 26 de abril, Coruche transforma-se num palco de memória e liberdade com a presença do fotógrafo italiano Fausto Giaccone, autor de uma das mais marcantes reportagens visuais da Reforma Agrária em Portugal, captada no verão quente de 1975.
Cinco décadas depois, Giaccone regressa ao Couço, onde fotografou um dos momentos mais simbólicos do pós-revolução, para inaugurar a exposição “O Povo em 1975”, que ficará patente no Museu Municipal de Coruche até 31 de agosto. A mostra reúne 41 fotografias — muitas delas inéditas — captadas num único dia de ocupações no Couço, retratando o fervor da ação coletiva e a esperança revolucionária estampada nos rostos da população.
A jornada comemorativa, integrada nas celebrações dos 51 anos do 25 de Abril, tem início com uma conversa pública entre o fotógrafo, a investigadora Paula Godinho e o presidente da Câmara Municipal de Coruche, Francisco Oliveira. A iniciativa prossegue com a exibição do documentário “Couço: A História na Arte”, que acompanha a criação do mural “O Povo em 1975”, da autoria de Mariana Duarte Santos, erguido no Bairro 23 de Junho, com base nas fotografias de Giaccone.
A visita ao mural contará com a presença de alguns dos protagonistas retratados em 1975, reforçando o elo entre a memória individual e a identidade coletiva da região.
A noite encerra com a projeção do filme “A Cor da Liberdade”, de Júlio Pereira, centrado no testemunho de José Pedro Soares, antigo preso político da PIDE. A sessão decorre no Auditório do Pavilhão Municipal e será seguida de uma conversa com o próprio e com a produtora Filipa Patrício.
A curadoria da exposição está a cargo da equipa do Museu Municipal de Coruche, coordenada por António Padeirinha, Ana Paiva e Dulce Patarra, com design de João Morais. O catálogo integra textos de Fausto Giaccone, Paula Godinho, Pedro Sobrado, Stefano Scaramuzzino e Santiago Macias.
Este tributo visual ao 25 de Abril reafirma Coruche como território de liberdade e resistência, onde a revolução não se esgota na celebração, mas continua viva na cultura e na memória.
