A decisão do Governo de adiar a celebração oficial do 25 de Abril, justificando-se com os três dias de luto nacional pela morte do Papa Francisco, está a gerar fortes críticas entre líderes partidários, que consideram a medida um erro político e simbólico, especialmente no ano em que se comemoram os 50 anos das primeiras eleições livres em Portugal.
O porta-voz do Livre, Rui Tavares, considerou a decisão “chocante”, afirmando que “deixar de celebrar a democracia sob qualquer pretexto é um sinal de ingratidão”. À margem da antestreia do filme O Palácio de Cidadãos, em Lisboa, Tavares classificou a decisão do executivo como “deplorável” e “lamentável”.
“Temos um Governo que acha que deve autolimitar-se na comemoração daquilo que é a sua razão de ser. É absolutamente chocante”, afirmou.
O líder do Livre recordou ainda que o próprio Papa Francisco, nascido num país que viveu uma ditadura militar, compreenderia o valor simbólico do 25 de Abril e “ficaria triste” ao ver a sua morte ser utilizada como motivo para adiar as celebrações da liberdade e da democracia.
Pedro Nuno Santos: “O Governo cometeu um erro”
Também o secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, criticou a decisão do executivo liderado por Luís Montenegro, dizendo que o Governo “cometeu um erro” ao desvalorizar a celebração do 25 de Abril.
“Celebrar o 25 de Abril não é desrespeitar o Papa. Antes pelo contrário”, sublinhou Pedro Nuno Santos, após uma reunião no Porto com dirigentes da Rede Europeia Anti-Pobreza.
O líder socialista acrescentou que o Papa Francisco era um defensor da liberdade e da igualdade, valores centrais da Revolução dos Cravos, e por isso a suspensão da agenda festiva não honra o seu legado.
Governo decretou luto nacional de três dias
O Conselho de Ministros decretou luto nacional entre os dias 24 e 26 de abril, devido à morte do Papa Francisco, que faleceu no Vaticano, aos 88 anos, vítima de um AVC. Em consequência, o Governo anunciou o cancelamento de toda a agenda festiva relativa ao 25 de Abril.
A medida não afeta a sessão solene da Assembleia da República, que se mantém como o momento institucional de comemoração da data.










