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Morreu Sebastião Salgado, o fotógrafo que deu rosto à humanidade e esperança à terra

Faleceu nesta sexta-feira, 23 de maio, em Paris, aos 81 anos, o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, considerado um dos maiores nomes da fotografia mundial. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, organização que fundou em 1998 com a esposa e companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado. A causa da morte não foi divulgada.

Nascido em Aimorés, Minas Gerais, em 1944, Salgado começou por formar-se em economia, mas foi na fotografia, que descobriu em 1973, que encontrou a sua verdadeira vocação. Desde então, percorreu mais de 120 países, registando com sensibilidade e rigor visual o trabalho humano, a dignidade dos migrantes, os conflitos, a natureza e o planeta ameaçado.

Projetos como Trabalhadores, Êxodos e Gênesis tornaram-se marcos na história da fotografia documental, sempre em preto e branco, onde a luz e a sombra revelavam, mais do que imagens, verdades humanas. A sua obra é simultaneamente denúncia e celebração – um espelho da condição humana e um apelo à justiça.

Um fotógrafo que também plantava árvores

Sebastião Salgado foi mais do que um fotógrafo. Com Lélia, fundou o Instituto Terra, dedicado à restauração ambiental da Mata Atlântica na região do Vale do Rio Doce, no Brasil. O projeto transformou milhares de hectares de terra degradada em floresta viva, dando origem a um modelo internacional de reflorestamento e educação ambiental.

O Instituto, que anunciou o falecimento com uma nota de profundo pesar, declarou:

“Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora. Seguiremos honrando seu legado, cultivando a terra, a justiça e a beleza que ele tanto acreditou ser possível restaurar”.

Um legado imortal

Em 2014, a sua vida e obra foram retratadas no documentário O Sal da Terra, codirigido pelo filho Juliano Ribeiro Salgado e pelo cineasta alemão Wim Wenders. O filme foi premiado em Cannes e nomeado ao Óscar de Melhor Documentário.

Em 2024, anunciou a sua aposentação do trabalho de campo, explicando, em entrevista ao The Guardian, que o seu corpo começava a ressentir-se dos muitos anos passados em ambientes extremos.

Sebastião Salgado deixa dois filhos, Juliano e Rodrigo, e netos. Mas deixa também um legado imenso: imagens que ficarão para sempre como testemunhos visuais do nosso tempo, e uma floresta que continuará a crescer como símbolo da esperança que cultivou.

“Tenho sido um emissário da sociedade da qual faço parte”, disse uma vez. Hoje, o mundo perde esse emissário. Mas a sua obra continua a falar — por todos nós.

 

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