O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, criticou duramente a criação do novo Ministério da Reforma do Estado, acusando o Governo de o utilizar como instrumento de propaganda ao serviço dos grandes grupos económicos. As declarações foram feitas esta terça-feira, 10 de junho, durante a sua visita à Feira Nacional da Agricultura (FNA), a decorrer no CNEMA, em Santarém, no âmbito das comemorações do Dia de Portugal.
“Este ministério não foi criado para resolver os problemas reais do país, como a habitação, a saúde ou a segurança social. Foi criado para garantir que o Estado continue a servir os interesses de quem se acha dono disto tudo — os grandes grupos económicos que continuam a beneficiar de benesses e benefícios fiscais”, afirmou Paulo Raimundo aos jornalistas.
Reforma do Estado deve servir a maioria
O líder comunista defendeu que uma verdadeira reforma do Estado deve responder às necessidades da maioria da população, enfrentando a precariedade laboral, os baixos salários, a falta de habitação e reforçando a rede pública de creches.
“Vamos continuar a bater-nos por uma reforma do Estado que responda à vida da maioria”, sublinhou.
Agricultura e soberania alimentar em destaque na FNA
Durante a visita à Feira Nacional da Agricultura, Paulo Raimundo valorizou o setor agrícola como fundamental para a soberania alimentar e o desenvolvimento nacional, criticando as orientações da política agrícola da União Europeia.
“Há uma pressão injustificada e profundamente injusta sobre a nossa agricultura. Esta feira mostra que o país pode e deve produzir mais alimentos”, disse.
Críticas à despesa com a Defesa
O dirigente do PCP criticou ainda o aumento previsto da despesa na área da Defesa, defendendo que os recursos públicos deveriam ser canalizados para a habitação, a saúde, a agricultura e as infraestruturas.
“Portugal não precisa de gastar dinheiro que não tem na guerra. Precisa é de investir nas prioridades da vida das pessoas.”
Segundo Paulo Raimundo, no setor da Defesa, a recuperação do Arsenal do Alfeite e a valorização das carreiras militares deveriam ser as verdadeiras prioridades.
Combate à pobreza deve ser prioridade
Alertando para a existência de dois milhões de portugueses em situação de pobreza, incluindo 300 mil crianças, o secretário-geral comunista considerou incompreensível que o Governo insista em aumentar a despesa militar.
“Se for preciso retificar o Orçamento do Estado para investir nos salários, nas pensões, na saúde ou na habitação, para tirar as crianças da pobreza, estamos disponíveis. Tudo o resto é mandar areia para os olhos.”
PCP garante continuidade na ação política
Confrontado com os resultados eleitorais mais recentes, que ditaram a perda de um deputado pelo PCP, Paulo Raimundo garantiu que o partido continuará a focar-se nos problemas concretos da população.
“Isso não se resolve com conversa. Resolve-se com medidas concretas. E é isso que vamos continuar a fazer.”
📍 A Feira Nacional da Agricultura decorre até 16 de junho no CNEMA, em Santarém.