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O apagar de um Mestre

Ideólogo e fundador de um Festival Nacional de Gastronomia de prestígio além-fronteiras, colocou Santarém nas “bocas do mundo” e deu cartas pela originalidade. Carlos Abreu, que foi Presidente da defunta Região de Turismo do Ribatejo, partiu a 23 de janeiro de 2017, aos 67 anos de idade. Foi o fim da linha para um enorme gestor e comunicador. Lembrar Carlos Abreu, um Mestre intencionalmente apagado, é trazer à vida um lutador acérrimo do Ribatejo e de Santarém. Figura serena e empenhada, inovadora na possibilidade dada às regiões de se apresentarem e representarem com os seus comeres e beberes, fez-nos a todos descobrir um Portugal diferente. Viajando pelas mesas dos muitos restaurantes e tasquinhas presentes nos certames, aprendemos que, por detrás do prazer da mesa, outras geografias e outros costumes existem como traço humano das nossas gentes. Ora, sem precisarmos de ir mais além no exemplo, aqui residirá sempre o testemunho valorativo da sua obra!

Carlos Abreu
Carlos Abreu. Foto: João Baptista

Carlos Abreu era licenciado em Economia pelo ISE; foi professor, técnico de finanças da Administração Regional de Saúde, delegado regional do FAOJ- Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis. Militante do PS, foi Vereador do presidente Ladislau Botas (79-97), com o pelouro do Turismo. Muito mais haveria a dizer da sua intensa vida dedicada à causa pública: organização do Festival Internacional da Flor / Lusoflora, do Festival Internacional de Cinema de Santarém (1985). Fundador da Confraria de Gastronomia do Ribatejo, foi o impulsionador da Federação das Confrarias de Gastronomia. Consultor da Secretaria de Estado do Turismo, foi um dos catalisadores da comissão que elevou a Gastronomia a Património Nacional. Foi, entre o muito mais que fica por acentuar, distinguido com o Grau de Comendador de Mérito de Turismo.

Homem com inquestionável visão, desenhou os caminhos de identidade de Santarém e do Ribatejo. E hoje, se podemos apreciar a diversidade de eventos dedicados à gastronomia no país e na Península, a este homem o devemos. A Cidade devia estar-lhe grata no reconhecimento do seu legado e na perpetuação da sua memória, em vez de o apagar como se nunca tivesse existido!

Arnaldo Vasques

Antropólogo / Temas Contemporâneos / NOVA, Lx

 

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