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Preocupações desacertadas…

Se não há solução para o problema, então não perca tempo preocupando-se com isso. Se houver uma solução para o problema, então não perca tempo preocupando-se com isso.”

Estas frases de Dalai Lama podem parecer exageradas à primeira vista e talvez o sejam um pouco numa interpretação direta. Mas importam e são muito úteis para nos fazer perceber e sentir que passamos grande parte do nosso tempo, grande parte da nossa vida, sobretudo na fase adulta, mas não só, a preocupar-nos, muitas vezes a massacrar-nos, com o que de nada adianta.

O facto é que a preocupação só por si não nos leva a lado nenhum, nada resolve. E, na maior parte das vezes, bloqueia-nos a solução dos problemas que a têm, por nos inibir de ter um raciocínio mais fluido.

Muitas vezes, para não dizer quase sempre, preocupamo-nos com o passado, coisa que obviamente não podemos alterar. Outras, também muitas, preocupamo-nos com o presente, quando as mais das vezes não é por isso que decidiremos melhor, pelo contrário. E gastamos o resto do tempo a preocupar-nos com um futuro que vemos quase sempre como negro, futuro esse que quase nunca vai chegar da forma terrífica como o imaginámos.

Não quero com isto dizer que devamos ser uns despreocupados militantes, daqueles que se estão borrifando para tudo e para todos, nada disso. Claro que temos de prever o possível, pensar, projetar, fazer por agir da melhor forma, fazer por resolver os problemas da vida que se nos põem. Mas isso não é preocupação, é ação!

O que só pode ser prejudicial, para nós e para os que nos rodeiam, é a preocupação exacerbada, nervosa, doentia, bloqueadora.

Mas, pior, é que esta forma contínua de estar preocupado é muitas vezes acompanhada de arrependimento sobre o nosso passado, do massacrar-nos pelo que fizemos de forma que agora achamos incorreta, só depois de verificarmos que não deu bom resultado, mas sem sabermos se, se fizéssemos diferente, o resultado não seria ainda pior. O passado faz parte de nós, não é para renegar. Pode servir para nos dar lições, para evitarmos erros futuros, para não repetirmos erros, nunca para nos penalizarmos e torturarmos por não termos feito diferente – não resolve!

A preocupação e o arrependimento do passado não nos deixam tempo para viver o presente e para projetar o futuro – Há que estarmos bem cientes de que só no futuro saberemos se agimos ou não bem no passado!

Esta foi a minha última crónica antes da pandemia Covid-19.

Foi escrita quando ainda não nos preocupávamos com esse vírus na altura distante.

Escrevi-a porque senti que o devia fazer, mas sem qualquer motivação dos factos que logo a seguir começaram a alterar radicalmente a nossa vida. Não tenho um sexto sentido muito apurado para essas coisas, mas parece quase uma premonição.

Vimos, agora mais do que nunca, que as nossas normais preocupações com o futuro raramente se focam no que vem na realidade a acontecer. Quem preveria e se preocuparia há 3 meses atrás com o Covid que afinal veio a ser o principal problema na vida de muitos de nós?

Esperamos sim, e que, individualmente e como sociedade, aprendamos com o passado recente e mudemos muitos dos nossos comportamentos e formas de estar.

É essa a minha grande dúvida…

Francisco Mendes

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