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Covid-19 – Estudo serológico de Almeirim revela que 3,88% da população esteve em contato com o vírus

Estudo serológico realizado em Almeirim, entre 23 de maio e 4 de julho, revela que 3,88% das pessoas testadas estiveram em contacto com o novo coronavírus, apesar de a maioria ter tido apenas sintomas ligeiros.  Da amostra de profissionais de saúde testado, apenas 1% apresentou anticorpos para o vírus SARS-COV-2. Resultados reforçam a importância de conduzir estudos serológicos para a definição de medidas precisas de contenção e resposta à pandemia.

O estudo serológico sobre a prevalência da covid-19 coordenado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência, realizado em Almeirim, revelou que 3,88% da população esteve em contacto com o vírus. Um resultado surpreendente para os investigadores, por ser superior do que o esperado pelos cientistas.

A apresentação dos resultados do estudo-piloto, realizado entre 23 de maio e 04 de julho em Almeirim, realizou-se esta sexta-feira, por vídeoconferência.

André Peralta Santos, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade de Lisboa, afirmou que se verificou a existência de mais pessoas expostas ao SARS-Cov-2 do que o inicialmente esperado, ao contrário do que sucedeu com os profissionais de primeira linha, com apenas 1% dos 200 testados a apresentar anticorpos.

Para o investigador, entre as mensagens a retirar do estudo, que envolveu um total de 553 pessoas, há a de que os profissionais de primeira linha, mais expostos, adotam boas medidas de proteção e revelam maior sensibilidade ao risco e que as pessoas com sintomas ligeiros não procuram os serviços de saúde, o que dificulta o controlo das cadeias de transmissão.

Por outro lado, uma em cada três pessoas testadas foram assintomáticas e as pessoas em vigilância ativa, mesmo com um teste PCR (rápido) negativo, podem ter estado expostas ao vírus.

Além da aplicação do teste desenvolvido pelo consórcio serology4COVID a uma amostra aleatória da população (270 pessoas, 1,16% da população do concelho) e aos profissionais (de saúde, bombeiros e funcionários municipais), foram testadas 83 pessoas que tiveram a doença (12) ou estiveram em contacto direto com casos positivos (vigilância ativa), 15,2% das quais apresentaram anticorpos.

Carlos Penha Gonçalves, investigador do IGC

Carlos Penha Gonçalves, investigador do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e coordenador do estudo, sublinhou a importância deste projeto-piloto para estabelecer metodologias para estudos de “maior alcance” e para se perceber se um teste totalmente desenvolvido em Portugal tem condições para disputar a sua aplicação a nível nacional.

A próxima fase será a realização de um estudo-piloto num concelho urbano de maior dimensão, disse.

A iniciativa surge no âmbito do Roteiro para a Testagem Serológica da covid-19 em Portugal, que tem por promotor o IGC e envolve uma vintena de investigadores.

A equipa  ambiciona conhecer a real dimensão da pandemia no país e fornecer instrumentos de apoio à tomada de decisão pelas autoridades sanitárias.

Na apresentação dos resultados do estudo realizado em Almeirim, que decorreu hoje por videoconferência, participaram ainda Telmo Nunes, da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, responsável pelo desenho e metodologia, Pedro Ribeiro, presidente da Câmara Municipal de Almeirim, e Duarte Cordeiro, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e coordenador para as questões da covid-19 nomeado pelo Governo para a região de Lisboa e Vale do Tejo.

Pedro Ribeiro saudou a colaboração existente entre as várias entidades – investigadores, município, serviços de saúde pública -, aproveitando “recursos que já existem”, e salientou a “enorme importância” da informação obtida no apoio à tomada de decisões, tanto mais que a pandemia “não se vai resolver nos próximos meses”.

A Câmara Municipal de Almeirim em colaboração com o Agrupamento dos Centros de Saúde da Lezíria do Tejo e o Instituto Gulbenkian de Ciência realizou um estudo serológico à covid-19 para determinar se a população estivera exposta ao vírus. Segundo Pedro Ribeiro, Presidente da Câmara Municipal de Almeirim, “só podemos atuar estrategicamente se conhecermos a realidade da nossa população. A colaboração entre as diferentes estruturas é fundamental na resposta tática e preventiva para minimizar os efeitos da atual pandemia”.

Pedro Ribeiro desafiou os investigadores a prosseguirem o acompanhamento da evolução da doença no seu concelho durante o próximo ano, o autarca apelou igualmente a Duarte Cordeiro para que a administração central alargue o estudo “pelo menos à Área Metropolitana de Lisboa”, pelo impacto que esta tem em toda a região e mesmo no país.

Para Carlos Penha Gonçalves, os estudos serológicos “utilizados de forma estratégica e em alvos representativos da população” são as “ferramentas mais poderosas” que se conhecem para ajudar a perceber “como o vírus se transmite silenciosamente e como circula sem dar sinais da sua presença, infetando alguns mais que outros”.

Os testes serológicos utilizados neste estudo foram desenvolvidos pelo consórcio liderado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência, serology4COVID, que reuniu mais quatro institutos biomédicos portugueses – o Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier da Universidade Nova de Lisboa, o Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica, o Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes e o Centro de Estudos de Doenças Crónicas da NOVA Medical School da Universidade Nova de Lisboa -, com apoio financeiro da Câmara Municipal de Oeiras, da Fundação Calouste Gulbenkian e da Sociedade Francisco Manuel dos Santos.

Covid-19 tem grande capacidade de transmissão através de pessoas assintomáticas

A grande vantagem do novo coronavírus SARS-CoV-2 reside na sua capacidade de transmissão através de pessoas assintomáticas, um dado que já sabemos hoje à luz do trabalho científico desenvolvido nos últimos meses em todo o mundo. A realização de testes serológicos é uma ferramenta determinante para estimar a dispersão do vírus na população, para avaliar a exposição dos grupos de profissionais de risco, e para o seguimento das cadeias de transmissão.

No total foram testadas 553 pessoas: 270 pessoas (1,16% da população) uma amostra aleatória da população, que pertence a 121 alojamentos (0,99% dos alojamentos listados no Município de Almeirim), 200 profissionais de saúde de primeira linha ao combate do vírus e 83 casos de pessoas infetadas ou com contactos de casos confirmados.

Os testes realizados à amostra de população revelaram que a sero-prevalência de anticorpos contra o vírus da COVID19 na população de Almeirim é de 3,88%. A maioria dos indivíduos positivos no teste serológico não estava ciente de sintomatologia que configurasse suspeição de doença. Ou seja, o estudo revelou um número apreciável de casos de infecção assintomática que de outro modo não seriam detetados.

O estudo dos 200 profissionais de primeira linha revelou que apenas 1% mostravam anticorpos contra o vírus. Este baixo número de testes positivos numa população com maior risco de exposição, sugere que a implementação de medidas de proteção pessoal dos profissionais foi bem-sucedida.

O estudo revelou, ainda, que em cerca de um terço dos indivíduos em vigilância ativa foram detetados anticorpos para o vírus, sem que tivesse sido previamente detetada infeção viral. Para Carlos Penha Gonçalves, investigador principal do Instituto Gulbenkian de Ciência envolvido na realização do estudo “é crucial perceber como o vírus se transmite silenciosamente e como circula sem dar sinais da sua presença, infetando alguns mais que outros. Para isso temos de recorrer as ferramentas mais poderosas que conhecemos: estudos serológicos utilizados de forma estratégica e em alvos representativos da população.”

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