O Procurador José Guerra concorreu a um cargo na Comunidade Europeia. Um júri independente de especialistas europeus entendeu escolher uma senhora, a madrinha de José Guerra, a ministra da Justiça, não apreciou a escolha e vestiu o afilhado com roupas alheias a enriquecerem o currículo do preterido.
A marosca foi descoberta, há sempre quem descubra, o engenho mentiroso veio à tona da água tal como a azeite e as explicações trapalhonas da governanta, por ela apelidadas de lapsos aumentaram o rasgão na sua credibilidade o que no início da Presidência portuguesa aumenta a fealdade do truque ministerial.
Se a ministra ficou e fica em maus lençóis o procurador bem se pode refugiar debaixo da manta do silêncio, mas nunca mais será considerado idóneo, muito menos capaz de invocar a palavra de honra no decurso da sua vida futura.
O mundo da justiça vai de mal a pior, juízes a clamarem contra juízes acusando-se de facilidades espúrias em concursos, juízes acusados de corrupção, um antigo presidente da Relação envolvido numa negociata encenada numa sala do Tribunal, um procurador condenado, uma procuradora a defender prémios para os delatores, a agora ministra e o enfeitado com penas de pavão (falsas), exemplificam o «reino cadaveroso» desse fundamental pilar do estado de direito.
Há dias a socióloga Maria Filomena Mónica ao comentar a morosidade da justiça nos casos da Operação Marquês e BES resumiu em duas palavras – dá que pensar – a razão porque os portugueses pensam tão mal dessa vital Instituição.
Os juízes e restantes magistrados são muito bem pagos e usufruem de várias mordomias, ainda bem, a preguiça, as práticas censurantes e o amiguismo, ainda mal. Muito mal!
Armando Fernandes