Todos sabemos e constatamos dia a dia ao passar pelo local, o estado de ruína em que mais e mais o Teatro Rosa Damasceno, no caminho para as Portas do Sol, se encontra.
O edifício é propriedade privada e tem pertencido a um grupo empresarial bem conhecido em Santarém que faz tempo que ficou insolvente. Esse proprietário parece nada ter facilitado o futuro do imóvel ao não autorizar que a consolidação das barreiras na sua traseira fosse realizada quando há pouco tempo esse importante trabalho teve finalmente lugar nos terrenos adjacentes.
E assim parece que a coisa não está fácil…
O imóvel esteve em leilão eletrónico, para venda portanto, até ao passado dia 2, pelo valor base de 350 000 €, valor que até pareceria proporcionar que o Teatro tivesse um novo dono, eventualmente com um novo destino. Mas a reabilitação aconteceria.
E o comprador natural nesta fase seria certamente o município de Santarém.
Só que o presidente da Câmara diz que, agora, após a empreitada de consolidação das barreiras na zona estar concluída, terá de ser o proprietário do imóvel a pagar essa consolidação essencial e sem a qual a parcela não terá qualquer possibilidade de edificação ou reconstrução. Como o custo desta consolidação das encostas e do próprio edifício serão, segundo o presidente, de cerca de 500 000 €, não haverá viabilidade económica de compra por valores muito superiores a zero.
Esta é a forma economicista de encarar a questão e, desta maneira, não parece mal equacionada. Agora resta definir que interesse público tem aquele emblemático espaço.
O presidente da Câmara disse que a autarquia tem interesse em adquirir o imóvel, mas não a qualquer preço. Claro, não poderá ser a qualquer preço, obviamente. Mas há o suficiente interesse, o suficiente empenho, em negociar a compra?! Se sim, certamente que a questão terá um final feliz. Se o empenho for mais relativo, talvez acabe algum particular por ver uma luz ao fundo do túnel neste aparente imbróglio e avance com maior celeridade fazendo com que mais uma vez os interesses público e municipal fiquem na prateleira.
Mas, como sempre nestas coisas, põe-se a pergunta: onde entra também a pressão, a iniciativa, a ação, a determinação dos munícipes de Santarém? Não mostram interesse maior do que o de criticar no café ou nas redes sociais?! E parece que, neste caso, até essa crítica, nem sempre muito construtiva, tem estado arredada…
Francisco Mendes
















