O presidente da Câmara de Almeirim, concelho que apresenta mais de 120 casos de covid-19 por 100.000 habitantes em 14 dias, quer que sejam aplicadas já as vacinas a todos os munícipes com mais de 60 anos. “Assim, a população que representa 96% dos casos graves e mortes estaria protegida”, afirma Pedro Ribeiro (PS), numa mensagem.
Em menos de 24h, o Município de Almeirim conseguiu montar um centro de testagem gratuito para o Concelho de Almeirim, que começou a funcionar no passado sábado. Na foto acima, está a equipa que no primeiro dia realizou 47 testes, todos negativos.
Com o concelho de Almeirim em zona de “Alerta” por estar acima dos 120 casos por 100 mil habitantes, o Município está a tomar medidas em articulação com as autoridades de saúde para travar as cadeias de contágio.
“Todos sabemos quais as regras impostas pelo Governo e pela saúde pública. No entanto, e apesar de as sabermos não quer dizer que concordemos ou que não possamos sugerir alterações. Foi isso que fiz”, afirma Pedro ribeiro na mensagem.
“Penso que para além dos números totais temos de analisar a positividade, ou seja o número de positivos versus o número de testes. Além disso é importante avaliar o risco, ou seja, o risco está dependente da possibilidade da população mais vulnerável ser infetada”, adianta o autarca.
Assim, Pedro Ribeiro apresentou uma “proposta para que os concelhos em risco recebam, de uma vez, o número de vacinas necessárias para que a população com mais de 60 anos seja toda vacinada já”.
Assim, diz o autarca, “a população que representa 96% dos casos graves e mortes estaria protegida. No nosso caso são “apenas” 3500 vacinas e com o aumento da nossa capacidade no centro de vacinação este era um processo que ficava tratado em 4 dias e não até final de maio como está previsto”.
Em declarações à Lusa, o autarca, também presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, afirmou que propôs às autoridades de saúde que, tendo em conta que existem vacinas disponíveis, elas sejam direcionadas já para os concelhos classificados como de risco, para serem aplicadas a este grupo populacional, seguindo um procedimento idêntico ao que foi adotado quando se priorizaram os lares.
Para o autarca, mais de um ano depois do início da pandemia, com todas as medidas de prevenção de contágio adotadas e com o processo de vacinação em curso, não faz sentido recorrer sistematicamente ao confinamento, com todos os efeitos que daí decorrem para a economia e a vida das pessoas.
“Números como os que tivemos em janeiro justificam que se tenha de confinar. Agora, é preciso perceber se se justifica na situação atual”, disse, salientando que nem sequer “há muita gente” nos concelhos classificados como em risco e que se viram hoje impedidos de avançar para a terceira fase de desconfinamento, tendo quatro deles recuado mesmo à primeira fase.
No distrito de Santarém, Almeirim está no grupo de concelhos com mais de 120 casos por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias e Rio Maior ficou entre os quatro concelhos do país obrigados a recuar à primeira fase de desconfinamento e impedidos de circular para fora da sua área, por, quando a decisão foi tomada, apresentar mais de 240 casos por 100.000 habitantes.
Contudo, o presidente da Câmara de Rio Maior, Filipe Santana Dias (PSD), disse à Lusa que tem hoje 27 casos ativos no concelho e 210 por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias, o que o levou já a manifestar o seu descontentamento numa missiva endereçada ao primeiro-ministro, António Costa.
Pedro Ribeiro salienta na sua mensagem que todos conhecem as “regras impostas pelo Governo e pela saúde pública”, o que “não quer dizer” que todos concordem “ou que não possam sugerir alterações”.